Estudos realizados nas mais diversas partes do mundo apontam, sistematicamente, que a maior incidência de erros laboratoriais se encontra na fase pré-analítica, isto é, desde a solicitação médica até a entrada da amostra para o seu processamento técnico no laboratório.
Vários grupos de pesquisadores estudam este assunto buscando as fontes destes erros e propondo cuidados especiais para minimizá-los ao máximo com o objetivo de reduzir o impacto nos resultados. Dentre estes fatores formadores de erros os principais são os exercícios físicos, os medicamentos e a alimentação.
Apesar dos notáveis avanços na tecnologia e automação dos laboratórios, os resultados dos testes ainda sofrem a influência destes fatores pré-analíticos e que podem causar variação nos resultados.
Estas variações tornam-se significativamente relevantes quando os valores estão situados próximos ou em zonas de decisão clínica
Sabe-se perfeitamente que alguns parâmetros / analitos não são influenciados pela alimentação. Entretanto no conjunto das solicitações de exames laboratoriais estes testes quase sempre vêm mesclados com outros exames em que o jejum é recomendado. Seria um contrassenso sugerir dupla coleta nestes casos.
Em situações de emergência, ou urgências hospitalares, estes critérios (ausência de jejum) poderão ser adequados às condições do momento.
É importante nestas situações e conveniente nas demais, registrar no laudo laboratorial a condição da coleta.
A comunidade científica internacional permanece recomendando o jejum para a maioria dos exames como medida de segurança até que seja possível, através de trabalhos científicos, garantir a não influência deste fator nos resultados.
Nos posicionamos da mesma forma, julgando temerária qualquer mudança nas recomendações do jejum enquanto não existirem comprovações convincentes que indiquem com absoluta certeza a não influência do fator alimentação nos resultados dos exames laboratoriais.
Garantir a qualidade dos exames deve estar acima de qualquer ação no sentido de facilitar a coleta.
12 HORAS para triglicerídeos, colesterol, apolipoproteinas e lipidograma
8 HORAS para as dosagens de glicose, curvas glicemicas, curva de tolerância à lactose e provas funcionais endócrinas
4 HORAS para painéis alérgicos, evitando-se os soros lipêmicos que podem interferir nas dosagens. É recomendável para a realização de TAP e PTT
Apenas matinal para dosagens de desoxicortisol, ACTH, aldosterona, calcitonina, PTH, dihidrotestosterona, insulina, renina, gastrina, IGFBP3, globulinas transportadoras de hormônios sexuais (SHBG) e de tiroxina (TGB), anticorpos anti- GAD, anti- insulina, marcadores tumorais e enolase neurônio especifico.
Alguns exames que não necessitam de jejum: hemograma, grupo sangüíneo e fator Rh, VHS-hemossedimentação, Coombs direto e indireto, Uréia, creatinina, sódio, potássio, cálcio, bilirrubinas, eletroforese de proteínas, proteínas totais e frações, estradiol, ferro, FSH- hormônio folículo estimulante, LH- hormônio luteinizante, Gama GT, βHCG, Marcadores de hepatite B, hepatite C, Hepatograma, Imunofenotipagemlinfocitaria, Monoteste, perfil reumatológico, Prolactina, Progesterona, RubeolaIgM e IgG, Epstein BaarIgM e IgG, T3, T4,TSH, Testosterona, Toxoplasmose IgM e IgG, TGO, TGP, Transferrina, VDRL, Vitamina B12.
Agora, cumprindo nosso papel de informar, outras correntes realizaram seus estudos, no sentido de propor uma revisão da necessidade do jejum para determinação do perfil lipídico (colesterol total, LDL-C, HDL-C, não-HDL-C e triglicérides [TG]) e apresentam as seguintes justificativas para abolir o mesmo:
Como estado alimentar predomina durante a maior parte do dia, o paciente está mais exposto aos níveis de lipídes nesta condição em comparação ao estado de jejum. Portanto, a condição pós-prandial pode representar mais eficazmente o potencial impacto dos níveis lipídicos no risco cardiovascular de um indivíduo.
As dosagens no estado pós-prandial são mais práticas, viabilizando maior acesso do paciente ao laboratório, com menor perda de dias de trabalho, abandono de consultas médicas por falta de exames e maior acesso à avaliação do risco cardiovascular.
A coleta de sangue no estado pós-prandial é mais segura em diversas situações e pode ajudar a prevenir a hipoglicemia por uso de insulina em pacientes com diabetes mellitus, ou por jejum prolongado no caso de gestantes, crianças e idosos, minimizando intercorrências e aumentando a adesão para realização de exames e o comparecimento às consultas médicas.
As determinações do colesterol total, HDL-C, não-HDL-C e LDL-C não diferem significativamente se realizadas no estado pós-prandial ou de jejum. Há aumento nos níveis de TG no estado alimentado; porém, este aumento é pouco relevante desde que se considere uma refeição usual não sobrecarregada em gordura, havendo a possibilidade de se ajustar os valores de referência.1-7
Com a flexibilidade do jejum para o perfil lipídico, há maior amplitude de horários, reduzindo assim o congestionamento nos laboratórios, especialmente no início da manhã, o que traz mais conforto para o paciente.
Nossa recomendação ainda é conservadora, ou seja fazemos a opção de orientar nossos pacientes ao Jejum para maior parte dos procedimentos, considerando sem nossos Valores Referências de jejum.
Mas é claro que o Médico assistente do paciente pode fazer o orientação contraria e a ele caberá a interpretação do Resultado.
E vocês, Doutores e Pacientes, pensam como?